quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Teste Lotes #7 e #8 com baixa temperatura dos óleos e da solução cáustica

Apesar de ter perdido alguns lotes de sabão pela adição de essência resolvi fazer um novo teste, desta vez usando simplesmente o raciocínio químico! Isso mesmo, não pensei em receitas ou formulas e sim na reação química na sua forma mais simples e seguindo esta linha determinei a forma de fazer este novo teste.

Nada de mais, apenas usei a energia como meu parâmetro químico. Vamos raciocinar... toda reação química precisa de energia para acontecer certo? esta energia geralmente vem do calor que aumenta a velocidade das partículas que colidem gerando assim mais energia até chegar ao ápice da reação onde acontece sua estabilização (por isso no processo de saponificação a temperatura aumenta e se mantem alta por determinado tempo, principalmente na fase gel). Pois bem, se a essência que coloquei nos meus lotes anteriores funcionou como uma catalizador acelerando a reação logo preciso diminuir a energia inicial de minha mistura para ter mais tempo para trabalhar. Como farei isso? diminuindo a fonte inicial de energia (calor), para isso diminuirei as temperaturas dos óleos e da soda cáustica para ver se na pratica funciona como na teoria.

Repetimos a rotina de sempre, colocamos os equipamentos de proteção (óculos, luvas, mascara e um avental) separamos os materiais que usaremos, pesamos os óleos e a soda. Escolhi para este teste de adição de essência um aroma de chá verde, não foi aleatoriamente, já tinha planos de fazer um sabão usando corantes vegetais e um deles é exatamente o chá verde.


Quinze dias atras fiz uma infusão com 100g de chá verde em 500ml de óleo e deixei descansar por sete dias, apos isso usei uma técnica de perfumaria rudimentar para transferir a cor e os aromas do chá para o óleo (que pode ser qualquer um, uma dica é escolher um óleo que não tenha cheiro ou tenha um cheiro bem suave assim o processo tem melhor resultado), esta técnica consiste em aquecer o óleo durante seis horas em uma temperatura de 70 graus para que as folhas, sementes e cascas comece um processo de cozimento lento e solte aos poucos suas propriedades que vão se incorporando ao óleo, este processo foi repetido 4 vezes durante este tempo fui percebendo a cor e o aroma sendo transferidos para o óleos cada vez que repetia o processo, ao final tinha uma infusão verde escuro com cheiro de ervas.


Já que estamos fazendo testes resolvi substituir a água da minha solução cáustica por chá verde e assim ter mais pigmentação e quem sabe mais aroma de ervas.


Resolvi também que iria colocar a essência nos óleos antes de colocar a solução cáustica assim testaríamos mil coisas ao mesmo tempo, hehehe quase ficando louco!!!

Então tudo esta em uma temperatura mais baixa. De um lado os óleos foram acrescidos de essência, dióxido de titânio e misturados resultando em uma mistura homogênea verde claro muito agradável.  Do outro lado misturei o chá com a soda e obtive uma solução de cor bem escura entre marrom e verde oliva.


chegou a hora da verdade! hehehe... misturamos a solução cáustica com os óleos e pra minha surpresa, a reação não foi acelerada como nos testes anteriores a ponto de inviabilizar o trabalho, o traço se deu de forma mais rápida, mas não de um instante para o outro como ocorreu nas tentativas anteriores! (sorriso de orelha a orelha!!!), nem acreditei que tudo correu bem, mas não vamos esquecer que se trata de um teste e precisa ser repetido com outras essências para ver se o resultado será o mesmo!



Coloquei nossa mistura em uma forma de silicone e a deixarei descansar por 48 horas. neste período deixei o termômetro na caixa para monitorar a temperatura da reação de saponificação, afinal tiramos energia no inicio do processo e quero ver como nosso sabão vai se comportar na fase gel.


Monitorei por um bom tempo até ter certeza que o processo gel iria se iniciar, a temperatura foi se elevando aos poucos até atingir 40 graus, com o aumento da temperatura tive certeza que tudo ocorreria bem, minha preocupação era que a mistura não tivesse energia suficiente para completar todo o processo químico. A temperatura permaneceu em 40 graus por um bom tempo e começou a baixar gradativamente.
 

Passaram-se 24 horas desde o inicio do processo de saponificação e notamos que houve uma mudança bastante significativa na cor do nosso lote o que é normal, aparentemente esta sólido o suficiente para ser desenformado mas aguardaremos mais 24 horas.


Enquanto esperamos as proximas 24 horas, repetimos o mesmo teste, desta vez com a temperatura ainda mais baixa (em torno de 25 graus), também aumentamos a concentração de soda de 27% para 30% seguindo a sugestão de nosso amigo saboeiro Alê. (afinal estamos testando todas as possibilidades ok!?) e  ainda aumentamos a quantidade de essência de 4% para 7% que desta vez não foi incorporada aos óleos.


Na solução cáustica não usamos o chá como no teste anterior, apenas água e soda (com isso teremos uma massa mais clara). Tudo correu bem, a mistura da solução cáustica com os óleos foi tranquila e adicionamos a essência após atingirmos um traço fino. Mais uma vez a nossa massa não sofreu uma aceleração brusca como nos primeiros testes, mas sua consistência passa de um traço fino para um traço mais firme em pouco tempo. 

Enformamos nossa massa e a colocamos para descansar. Sobrou cerca de 30g de massa em ambos os testes que usamos em uma forma transparente de PET para fazer um teste a parte, aparentemente apenas a coloração ficou diferente sendo a do primeiro teste mais forte enquanto a do segundo teste ficou mais suave (lembramos que não colocamos o chá no segundo teste!), notamos também que a massa do segundo teste parece ter ficado mais dura ao menos no teste que estamos fazendo com as massas da forma PET.

O aroma ficou quase imperceptível no primeiro teste quando usamos uma concentração de 4ml ou 3g para cada 100g de óleo (pode ter sido por termos incorporado a essência aos óleos antes da adição da solução cáustica e de iniciar o traço) ainda posso sentir o cheiro dos óleos no sabão do primeiro teste. No segundo teste usamos uma maior concentração de essência cerca de 7ml ou 5g para cada 100g de óleo (quase o dobro) como resultado não sinto o cheiro dos óleos porem o aroma esta bem longe (pode ser também por ter usado uma essência bem suave de chá verde), agora só me resta esperar o processo avançar e ver se o aroma abre mais com o passar do tempo.

Se passaram 48 horas do primeiro teste e 24 do segundo, é hora de desenforma o sabão do primeiro teste, comecei pelas formas de PET e percebi que a massa ainda não estava dura o suficiente para que eu desenformasse com facilidade, mas para minha surpresa a massa do teste 2 que fiz a 24 horas estava perfeita!

Quando fui tirar o sabão do primeiro teste da forma de silicone vi resíduos nas laterais da forma o que não é normal.


A dificuldade e o cuidado para não danificar o sabão na hora de desenformar foi bastante presente no sabão  do primeiro teste, o sabão ainda não estava duro o suficiente.



Mesmo com todo cuidado não tivemos como preservar todos os detalhes da forma, ainda resfriamos um pouco nosso sabão para tentar ajudar, mas o resultado final não foi o esperado.


Já no segundo teste foi tudo uma maravilha, sentimos a diferença só de pegar na forma, o sabão quase se solta sozinho, retiramos sem nenhuma dificuldade.



A massa estava no ponto, mesmo com apenas 24 horas de descanso, ao retirarmos o sabão da forma notamos que a forma permaneceu totalmente limpa, sem nenhum traço de resíduo.



Neste caso devo levar em consideração algumas possibilidades. A primeira é o aumento da concentração de soda cáustica de 28 para 30% o que resulta em menos quantidade de água em nossa solução cáustica, a segunda é não ter adicionada nenhum aditivo a soda (no primeiro teste substituímos a água por chá verde!). Acredito porem que isso aconteceu pelo aumento da concentração de soda.



Como foi relatado anteriormente as cores são diferentes, o primeiro teste resultou em um verde oliva enquanto o segundo em um verde mais bonito, mais suave, a retirada da forma do segundo teste foi bem mais fácil e com um resultado bastante superior.


Concluímos nestes testes  que podemos aumentar a concentração de soda da nossa receita (mas para isso devemos usar sempre uma calculadora de soda!!!) e com isso ter um resultado melhor na hora de desenformar e manusear o nosso sabão. Podemos baixar a temperatura dos óleos e da solução cáustica afim de aumentar o tempo para se obter o traço conseguindo mais tempo para trabalhar a receita com aditivos e essências sem maiores problemas!

Creio que os testes foram muito bons e fiquei bastante satisfeito com os novos conhecimentos adquiridos, espero que estes testes ajudem no desenvolvimento de quem esta começando ou mesmo de quem já esta na saboaria ha mais tempo mas por um motivo ou outro não tenha encontrado as devidas soluções para seus entraves.

Acho que por hoje é isso

9 comentários:

  1. Eu sempre gostei de fazer testes ajudam muito na produção quando começar a vender e servem para definirmos nossas futuras técnicas.

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    1. É verdade acredito que os testes são exatamente para isso, para nos preparar para a produção de verdade, para deixar os sentidos em alerta e saber o que fazer nas diversas situações que podem aparecer durante o processo fabril de nossos sabonetes.

      Servem também para que nossos projetos (receitas) sejam testadas em baixa escala (eu faço meus testes com 300g de massa) assim não sai dispendioso quando não alcançamos o resultado esperado, vou mais longe ainda acho que devemos fazer testes sempre! devemos testar novas concentrações, novos aditivos, novas técnicas e com os conhecimentos adquiridos criar novos projetos.

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  2. Grande amigo saboeiro!!!
    Parabéns!!!

    Pelo que vi, posso dizer que você venceu uns dos maiores monstros da produção de sabonetes! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    O uso das essências realmente deve ser cauteloso!
    E como havia te falado, se você usar a concentração de soda à 32%, os resultados serão ainda melhores. Como já criamos o bom hábito de separar todos os materiais que serão utilizados com antecedência, não precisamos de muito tempo para atingir o trace.
    Assim que a massa engrossar bem levemente, acrescentamos a essência.
    Tenho observado que o sabonete endurece em poucas horas (5 em média)e que todo o processo de saponificação não deve durar mais do que 12 horas.
    Mas estou contente com seus resultados. Creio que daqui para frente você não terá maiores dores de cabeça!
    Só como comentário, no dia 9 passado fiz 20 barras de sabão de coco (sabão em barra) e 6 horas após ter enformado eu já estava cortando. Não postei nada a respeito no meu blog, pois decidi não misturar os assuntos (sabão em barra para uso doméstico com sabonete).
    E acredite!
    Suas experiências puseram fim ao meu tormento! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Devo te agradecer por isso!

    Ps. E o óleo de Palma? hehehehehehe

    Mais uma vez parabéns!

    Abraço!

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    1. Obrigado Alê, estamos aqui oara ajudar com nossos erros e acertos, espero que de agora em diante sejam mais acertos que erros, hehehe... assim terei de reconstruir menos o laboratório apos cada uma das explosões!

      Quanto ao Óleo de Palma, este já esta até embalado te mando no inicio da semana 5 litros conforme combinado.

      Quando for comprar palmiste de palma te aviso dai se quiser compro pra você também.

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    2. Certamente daqui para frente serão muito mais acertos do que erros!
      hehehehe

      Neste momento não pretendo usar o Óleo de Palmiste, pois tenho uma boa quantidade de Gordura de Coco Babaçu, mas estou interessado na estearina vegetal.
      Quando você tiver e puder dividir comigo,agradeço!

      Abraço e mais uma vez obrigado!

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  3. Esqueci-me de dizer que seu último sabonete ficou com uma aparência ótima!
    Ficou parecendo com um pequeno bloco de granito!
    Interessante!

    Abraço!

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    1. também gostei o chá verde deu um efeito bem interessante mesmo, quero ver como vai ficar o de café, vinho e chocolate.

      Me programando para fazer estes testes em breve!

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    2. Maravilha, amigo saboeiro!!!
      Vocês estão a todo vapor!!!
      Eu tive que me conter até estar com tudo em mãos para voltar a produzir.
      Ainda estou nas devidas adaptações para a produção dentro dos padrões que estabeleci. Algumas coisas estão difíceis,pois com estas festividades de final de ano 4 compras que realizei ainda não chegaram. E falta, também, o óleo de palma! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
      Mas fico feliz com seus avanços rumo a uma produção responsável!

      Abraços e parabéns!

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    3. O laboratório esta produzindo vários testes, mas ainda não explodiu!!!

      Despachando o óleo de palma para você entre amanhã e quarta.

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